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Há alguns anos atrás comecei a ler um livro chamado “Totem da Paz” que conta a história de um missionário que foi evangelizar a tribo dos Sawi na ilha de Papua-Nova Guiné, eles eram conhecidos como violentos e canibais. O missionário chega na tribo e conta a história de Jesus – como ele foi traído por Judas e por meio dessa traição foi levado à crucificação – e a reação da tribo não poderia ser mais espantosa aos olhos do missionário, os nativos começaram a fazer uma festa e gritar “Judas, Judas, Judas! Queremos adorar Judas!“.

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Em uma cultura onde fingir uma amizade para depois assassinar o amigo é status na tribo, Judas é rei, minha filha! Os Sawis supervalorizavam a traição, viviam tramando suas próximas proezas, como iriam ganhar a confiança de alguém para depois cravar uma faca em suas costas, nesse caso, literalmente. Quanto mais tempo se fingisse gostar de uma pessoa para depois traí-la, mais o prestígio do traidor crescia. Não foi fácil convencer os nativos de quê Jesus era o cara bonzinho e que eles deveriam olhar uns para os outros com amor ao invés de se traírem e matarem.

Porém, eu não consigo evitar de pensar – enquanto a minha caneca de cerveja esvazia – que a nossa sociedade que surgiu com base no Cristianismo não poderia estar mais parecida com os princípios Sawi, sem a parte do assassinado, é claro. Na maioria das vezes. Ou não. Ou sim. Acordei meio geminiana hoje, ou é o álcool mesmo.

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Essa semana abri o meu coração e pedi nas minhas redes sociais que as pessoas desabafassem e me contassem suas histórias de quando foram traídas, feitas de trouxas, ou alguma situação que às fizeram se sentir burras por terem acreditado em alguém. Pra ser bem honesta achei que teria meia dúzia de gato pingado falando de uma vez que isso tinha acontecido, mas minha gente, se você acha que o mundo é dos espertos, não tá sabendo que o mundo é de quem fez papel de trouxa, isso sim! Somos muitxs e dominaremos o universo.

De amiga que furou o olho, passando pelo namorado que só faltou mentir o nome, até colega de trabalho manipulador, teve de tudo lá no Instagram, no meu WhatsApp – me senti old school recebendo alguns relatos por e-mail -, por mais diferentes que os casos tenham sido, todas as pessoas compartilhavam uma coisa em comum: o f*cking sentimento. Não tem como colocar em uma só “caixa” o sentimento que a pessoa trouxa experiencia, é como se o ódio transasse com a autocrítica e eles tivessem um filho, esse filho cresce e se casa com a desilusão e acabam se mudando pra um bairro chamado “você serás julgado“.

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Se eu tenho uma certeza na vida é essa: tem muita gente pau no c* nesse mundo. E o que não é nenhum pouco justo, minha amiga, é que você sofra o dano, ou tenha que aguentar ser tachada de “trouxa”, “burra”, por ter sido amiga, por ter confiado e acreditado em um ser humano que não tá valendo o arroz e feijão que come.

Tô cansada de ver gente passando a mão na cabeça de ser humano escroto, que mente e magoa as pessoas como se estivessem em uma “versão light” de uma tribo Sawi, “velho, tu é o p*ca das galáxias, mentiu pra mina durante 1 ano e meio e ela nem desconfiou”, “bah, você é f*da, me ensina como faz pra pegar 3 ao mesmo tempo, sem a esposa descobrir?”, “nossa, como tu fez pra ela te mandar esse nude? Me repassa!”.

É valores invertidos que se chama?!

Quando você acredita em uma mentira, você não é burra, mas a pessoa que tá mentindo pra você e brincando com os seus sentimentos é mau caráter.

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Quando uma “amiga” ferra com a sua oportunidade de trabalho de propósito, você não foi idiota de ter confiado nela, mas ela foi uma filha da p*ta.

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Quando o teu boy te trai, não foi porque você não é boa o bastante, mas porque o arromb*do não tem noção do que é compromisso.

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Quando a sua “amiga” fica com o teu boy, não é porque você não deu assistência ou não deixou claro que ele era “seu”, mas é culpa da guria que dá mais valor pra um pênis do que pra amiga foda que ela tinha.

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Seja quem você quer ser, acredite, confie e se doe, essas ações dizem pro mundo o tipo de ser humano que você é. O que as outras pessoas fazem com o que você dá à elas não somente dizem, mas gritam pro mundo que tipo de pessoas elas são. Fácil dizer? Muito! Difícil fazer? Bah…

Para encerrar aqui vai o meu conselho, que eu deveria estar vendendo, mas tá aqui de graça: beba mais cerveja artesanal. Mulheres que bebem cerveja tem menos risco de infarto. Na real não precisa ser artesanal, é só pelo paladar mesmo. Beba cerveja.

2 beijos, Lê.

@falabrigitte

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