aborto brasil e mundo

Recentemente os Irlandeses marcaram história ao votar sim pela descriminalização do aborto. O resultado deixou muitas pessoas em choque, pois a constituição Irlandesa é marcada por ter total influência católica e conta com muitas leis restritas e conservadoras. O primeiro ministro, Leo Varadkar, comentou que o resultado se dá por uma“revolução silenciosa” pela modernização da sociedade como um todo.

 “O que vimos hoje é a culminação de uma revolução silenciosa que ocorreu nos últimos 10 ou 20 anos, a população falou e disse que quer uma Constituição moderna para um país moderno, no qual respeitemos as mulheres e confiamos nelas para que tomem suas próprias decisões sobre a sua saúde”, afirmou o primeiro ministro, que é médico de profissão.

A descriminalização do aborto na Irlanda é um grande avanço não apenas para o país, mas também para o movimento feminista, a saúde e as mulheres como um todo, já que sabemos que aborto não é apenas uma questão de escolha e, sim, de saúde pública.

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As mulheres já abortam independentemente de sermos a favor ou não, o que está em jogo não é a nossa opinião e, sim, como vamos tratar as mulheres que tiveram essa escolha. O IAG, Instituto Alan Guttmacher, entidade americana que estuda a questão do aborto no mundo, conclui que cerca de 1 milhão de mulheres abortam no Brasil todos os anos.

Veja alguns dados da realidade do aborto no Brasil

# 97% dos abortos clandestinos ocorrem em países em desenvolvimento. Ao mesmo tempo, 80% dos países desenvolvidos permitem o procedimento.

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# São 250 mil internações no SUS (Sistema Único de Saúde) e R$ 142 milhões gastos por causa de complicações pós-aborto.

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# Cerca de 20 milhões de abortos são realizados no mundo de forma insegura todos os anos, resultando na morte de 70 mil mulheres, sobretudo em países pobres e com legislações restritivas ao aborto.

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# Uma em cada cinco mulheres até os 40 anos já abortaram no Brasil, segundo a Pesquisa Nacional do Aborto, desenvolvida pela Anis – Instituto de Bioética.

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# Uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde e do Instituto Guttmacher (EUA), publicada em 2016, demonstrou que nos países em que o aborto é proibido o número de procedimentos não é menor do que em lugares onde é legalizado.

É claro que as discussões sobre aborto vão além do “a favor ou contra”. Hoje, todos os métodos contraceptivos não são 100% eficazes e até mesmo o DIU e a laqueadura tem taxa de falha. Isso significa que mesmo usando corretamente os métodos contraceptivos as mulheres podem, sim, engravidar e que ela não possui total controle por seu corpo.

Para se discutir um assunto tão amplo, precisamos ter consciência que existem diferentes vivências e não somente a nossa perspectiva, muitas mulheres não conseguem negociar com seus parceiros os métodos contraceptivos ou são impedidas de usar pílula e preservativos, outras sofrem abuso conjugal e não conseguem trabalhar fora de casa ou até mesmo sair de casa. As mulheres abortam independente do tempo histórico, ambiental, cultural ou da classe social, mas de acordo com os dados, as que mais sofrem são as de classes menos favorecidas, além de estarem mais propensas a situações de risco, não há acesso a informação de qualidade, pois a educação está diretamente ligada a desigualdade.

E é preciso ter noção de que comentários comose não quer ter filho feche as pernas” não agregam e não resolvem nada. Descriminalizar o aborto é oferecer uma assistência de saúde com qualidade e atendimento digno igualitário para todas as mulheres.

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Fontes: Ministério da Saúde, Organização Mundial da Saúde, Universidade de Brasília, Grupo de Estudos sobre Aborto, Centro Feminista de Estudos e Assessoria e Revista Super Interessante.

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