O Dia da Mulher Negra é comemorado no dia de hoje, 25 de julho, desde 2014. A data foi inspirada no Dia da Mulher Afro-Latina-Americana e Caribenha (dia 31 de julho), criado em julho de 1992.
Representatividade importa. Essa máxima norteia as atividades do ATL Girls porque nós acreditamos, acima de tudo, no poder da representatividade. E para celebrar essa data em que se enaltece a representatividade negra e feminina, resolvemos fazer uma lista com 9 séries com protagonismo feminino negro.
Confere aí:
#1 Scandal
Poderia fazer um texto só focado nas séries de Shonda Rhimes – porque, se tem uma roteirista e showrunner que manda bem em representatividade, é essa mulher!
Em sua série de maior sucesso, Grey’s Anatomy, já dá para perceber isso: embora o programa seja protagonizado por uma branca – Meredith Grey (Ellen Pompeo) -, não faltam personagens negras no elenco principal. E todos ocupando papeis importantes, viu?! Com boa situação financeira, empoderados e em cargos de chefia (como é o caso de Miranda Bailey, interpretada por Chandra Wilson, uma das médicas mais influentes do hospital).
Questões raciais até entram em pauta em alguns episódios, mas não são o foco; a intenção de Shonda é apenas mostrar que, assim como na vida real, negros (asiáticos, latinos…) também podem ocupar esses espaços de protagonismo sem estarem ali para darem voz a um movimento. E essa mesma fórmula é repetida na série “Scandal”, só que com uma negra como protagonista: a poderosa Olivia Pope, vivida por Kerry Washington.
Olivia é uma espécie de RP poderosíssima, especializada em gerenciar crises. Tudo se passa em Washington DC e, além de ser consultora do presidente dos EUA, Olivia também vive um romance com ele.
#2 How to Get Away with Murder
A produção também faz parte do universo de “Shondaland”; mas, diferentemente de Grey’s Anatomy e Scandal, não é uma criação de Shonda: aqui, ela é apenas a produtora executiva, enquanto o roteiro é assinado por Peter Nowalk.
Annalise Keating (Viola Davis) é uma advogada criminalista de defesa e professora da Universidade de Middleton, na Filadélfia. Corrigindo: Annalise é a melhor advogada criminalista de defesa da cidade e suas aulas são as mais procuradas da Faculdade de Direito.
Mulher, negra e aos 40 anos, ela toca tudo com muito pulso firme e não deixa passar nenhuma ofensa, sabendo usar muito bem de seu papel e o que ele representa na sociedade, ainda que isso custe consequências em sua carreira e sua vida pessoal. A cada novo ciclo de turmas ela escolhe quatro alunos para estagiarem em seu escritório, mas no início da série cinco são escolhidos e ficam conhecido como “Keating 5“. Numa trama cheia de conflitos, mentiras e crimes, Annalise faz o que pode e o que não pode para proteger seus aprendizes e manter fatos de seu passado escondidos. Vale muito a pena assistir!
#3 Dear White People
“Dear White People” (Cara Gente Branca) gerou polêmica antes mesmo de ser lançada: assim que a Netflix divulgou o teaser da primeira temporada, com uma das protagonistas criticando o blackface em festas à fantasia, choveram críticas ao vídeo. O porquê da revolta? Segundo as pessoas que se ofenderam com a chamada, o problema era o discurso com racismo reverso. No entanto, quando foi lançada na plataforma de streaming em abril de 2017, fez sucesso – apesar do papo do preconceito contra brancos ainda ter continuado em alguns grupos. Foi a maratona do final de semana de muita gente, e eu me incluo nisso.
Baseada no filme homônimo dirigido por Justin Simien, Cara Gente Branca acompanha a trajetória de alunos negros em uma universidade de elite. Com um episódio focado em cada personagem, ela toca em pautas importantes: relacionamento inter-racial, violência policial, solidão da mulher negra, militância, apropriação cultural e colorismo – o conceito de que, quanto mais pigmentada for a cor da pele, maior será o preconceito. Veja para ontem!
#4 Mr. Brau
“Mr. Brau” é uma série brasileira e que está na nossa lista como uma menção honrosa às mulheres negras brasileiras.
Como o próprio nome da série deixa claro, Mister Brau (Lázaro Ramos) seria o protagonista, acontece que com o passar das temporadas, sua esposa Michele (Taís Araújo), que também é sua empresária e coreógrafa, passou a ter tanto destaque que não dá para negar seu protagonismo. Por isso, e por ser uma série brasileira que se encaixa na temática, fizemos questão de inseri-la nesta lista.
Lançada em 2015, a série está na sua terceira temporada segundo a própria atriz que interpreta a personagem, não dá mais para dizer que Mister Brau é sobre o cantor.
#5 Pitch
“Pitch” é a história de uma jovem mulher negra forte, de sucesso e fod*$@! Mesmo!
Ginny Baker, interpretada pela maravilhosa Kylie Bunbury, desafia as probabilidades quando se torna a primeira mulher a jogar nas ligas principais de beisebol. Só dá ela no meio de um monte de homens (a maioria brancos) e ela já chega reinando. Como não poderia deixar de ser dramático, Ginny enfrenta o preconceito dentro dos campos, fora deles e ainda lida com a barra que é ser o exemplo para milhares de meninas no país que desejam chegar à posição que ela chegou.
É muito bonito vê-la alcançando o que sempre sonhou e vê-la aprendendo a lidar com todas as situações que chegam junto com o seu sucesso. A determinação da personagem principal e o seu foco para pôr em prática tudo o que aprendeu e treinou por anos com o pai, ex-jogador profissional, faz da série uma ótima pedida para aqueles que adoram histórias inspiradoras.
#6 Insecure
“Insecure” trata de forma delicada a amizade, os problemas amorosos e as “tretas” profissionais de duas jovens mulheres negras: Issa, interpretada pela própria Issae Rae, e Molly, interpretada por Yvonne Orji.
Issa trabalha em uma empresa sem fins lucrativos e namora Lawrence (Jay Ellis), que está desempregado e aparentemente não toma um rumo na vida há quatro anos. Molly é uma profissional bem sucedida que sabe transitar com desenvoltura no mundo das grandes corporações, mas sua vida amorosa não anda muito bem. Importantes temáticas pertinentes à luta das mulheres negras estão sendo muito bem representadas pela série.
A luta diária por espaço, a opressão estrutural e a solidão são algumas apenas algumas delas. O seriado vale a pena por tratar todos estes assuntos árduos com leveza e humor.
#7 The Get Down
Ambientada em Nova York durante o ano de 1977, “The Get Down” conta a história de como, à beira das ruínas e da falência, a grande metrópole deu origem a um novo movimento musical no Bronx, focado nos jovens negros e de minorias que são marginalizados. Entre a ascensão do hip-hop e os últimos dias da Disco Music, a história se costura ao redor das vidas dos moradores do Bronx e de sua relação com arte, música, dança, latas de spray, política e Manhattan.
Pelos trailers, dá pra reparar que a protagonista tem um plano, tem prioridades, tem desejo de realizar. Não é apenas um sonho. É desejo, que é tão forte, que a move pra ação, pra conflitos, passando por todos os perrengues para conseguir o que ela quer. Mylene (Herizen Guardiola) é filha de imigrante nos Estados Unidos, moradora do Bronx. Contra todas as estatísticas e padrões estabelecidos em uma sociedade tão segregada, ela tá aí, brigando. O que pra nós, mulheres, vale por toda a série!
#8 Chewing Gum
Tracery Gordon (Michaela Coel) é de uma família extremamente religiosa e quer perder a virgindade. Com a ajuda de sua melhor amiga Candice (Danielle Walters) e da avó da amiga, Esther (Maggie Steed), ela planeja e faz de tudo para alcançar seu objetivo.
A série é sobre uma mulher negra e periférica lidando com suas questões e buscando descobrir quem ela é de verdade, ainda que essa busca lhe lhe renda situações muito constrangedoras. A série acerta ao discutir religião e suas extremidades; ao mostrar a ingenuidade de sua forma mais profunda; ao mostrar relacionamento inter-racial e acerta quando humaniza todos os personagens – dos mais normais aos mais “estranhos”. “Chewing Gum” é, acima de tudo, um seriado sincero sobre ser jovem, negra, pobre e mulher.
#9 The Fosters
Quando o assunto é representatividade e empoderamento feminino, “The Fosters” faz o seu dever de casa direitinho. Mas não é só isso, a série que já acerta em diversos aspectos só poderia ter um casal interracial como protagonista. O drama familiar mostra a realidade de uma família TOTALMENTE fora do padrão imposto, formada por duas mães, Stef e Lena, e seus cinco filhos (quatro deles adotados e um fruto do antigo casamento de Stef).
Como os filhos são adolescentes (ou estão entrando na adolescência, como é o caso de Jude) não faltam crises e impasses a serem resolvidos. A série aborda questões árduas com muita delicadeza e naturalidade e por ser voltada para um público mais adolescente, cumpre seu papel sem deixar a leveza de lado. A negritude da protagonista não é um tema que gera algum tipo de polêmica específica no seriado, mas a série vale a pena justamente por suas sutilezas.
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