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Foi comprovado em pesquisa realizada pelo núcleo de psicologia e comportamento de Harvard que entre 10 pessoas que estão tendo uma discussão ou conversa, 10 delas não se escutam. Mentira. Não foi comprovado mas o primeiro segredo pra te convencer a acreditar no que eu digo, é jogar algum ‘random fact based on research’, um fato desconhecido baseado em pesquisa. Dados são uma maneira eficaz de te convencer que estou certa.

Não, não tem nenhuma pesquisa sobre isso ou melhor, certamente tem alguma pesquisa mas eu tive preguiça de procurar o suficiente só pra encontrar dados que te convencessem de que a escuta é tão ou mais importante que a fala. A meu favor posso considerar que existe outra coisa convincente, o ‘baseado em fatos reais’ que também é uma ótima ferramenta pra te convencer a acreditar ou, pelo menos, te convencer a estar disposto a ouvir meus argumentos.

Meu texto de hoje é baseado em fatos reais – boa parte são fatos da minha vida – ou seja, nada do que eu estou escrevendo pode ser levado como uma verdade absoluta, isso deveria ser um consenso para todas as pessoas que querem expressar a sua opinião a respeito de algo, o grande problema é que todos nós temos nossas verdades absolutas pessoais e queremos forçar ‘o outro’ a engolir essas verdades. Não estou retirando a minha culpa, pois nesse cenário eu já fui comprometida da ponta dos pés, até a ponta da cabeça. Claro que eu tenho verdades que adoto como absolutas, pra mim. Verdades que enxergo como valores e que fazem parte de algo imutável: minha essência, mas eu entendo hoje em dia que os valores das pessoas são muito diferentes entre si. Temos as verdades básicas gerais que servem mais como uma regra de convivência. Temos como um acordo que roubar não é legal – em nenhum dos sentidos da palavra legal, não matar é um consenso absoluto das regras da convivência, mas essas são verdades pautadas pelo termômetro que deveria ser o mais relevante e justo de todos da nossa sociedade – a lei.

Somos movidos por três principais zonas: a zona de conforto, a zona de esforço e a zona de pânico. A zona de conforto não nos possibilita ousar, sair do óbvio e enfrentar nossos medos. A zona de esforço é quando finalmente a gente se permite TENTAR sair da zona de conforto, ir um pouco além dos nossos limites mas não o suficiente pra entrar na zona de pânico que é quando vamos além do que o que a gente consegue, quando entramos na nossa zona de medo. A zona de pânico é delicada porque nos coloca frente à situações delicadas, desesperadoras, ativando o nosso botão de “não saber reagir“. O problema da zona de pânico é que ela pode despertar em nós dois sentimentos diferentes: o medo, e o medo nos trava, nos congela, nos segura e a raiva, uma resposta natural frente ao que nos tira da zona de conforto.

O que isso tem a ver com se escutar? Hoje em dia não conseguimos discutir e dialogar com pessoas que tem verdades absolutas diferentes das nossas. Mal conseguimos dialogar com pessoas que tem verdades absolutas iguais as nossas. A nossa dificuldade – beirando a incapacidade – de ouvir é impressionante, pra não dizer assustadora e no meio desse processo de fala ativa sem escuta ativa esquecemos de um detalhe BÁSICO: apenas o diálogo é capaz de nos fazer crescer como seres humanos. SOMENTE o diálogo permite que a gente construa fundamentos e argumentos que nos possibilitem evoluir de verdade porque é também somente na divergência que de fato aprendemos. Afinal, uma discussão onde todo mundo pensa igual é um monólogo ou um painel e não um debate. Mas temos de lembrar também que debates só são construtivos quando… TCHANAM… todos os envolvidos tem a sincera intenção de se ouvir. Sem arrogância, sem absolutismos exercendo dois dos nossos valores mais humanos: a humildade e a empatia.

Se escutem, mas se escutem de verdade pois só assim podemos gerar uma real transformação por meio do diálogo e – por mais brega que pareça – por meio do amor! <3