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A cada novo ano eu noto uma serie de medos que se repetem enquanto eu vou amadurecendo e, mesmo hoje perto dos meus 22, tem algumas coisas sobre crescer que ainda me amedrontam. Às vezes eu penso em quantas vezes meus pais quiseram me defender. Lembro deles me alertando:

“Aproveita enquanto você ainda é criança”.

Desculpa. Eu não sabia aproveitar o presente àqueles tempos.

Via Malhação e pensava em quando eu ia “ser grande”. Pensava em como ia ser meu primeiro beijo, minha primeira vez. Eu pensava em como ia ser a primeira festa. O meu primeiro porre. O meu primeiro coração partido. O mais engraçado é que essas coisas todas que eu citei não são nem um pouco, mas nem um pouco MESMO, especiais ou mágicas quando acontecem, elas são só momentos. Momentos pontuais da nossa vida extraordinariamente comum.

O primeiro beijo era língua demais, a primeira vez foi estranha pra caramba, a primeira festa eu descobri que meu padrão àqueles tempos não agradava os meninos, meu primeiro porre virou piada na escola. Todas essas coisas que eu vivi, só valeram a pena por causa das minhas companhias.

Crescer é entender que a nossa vida não tem nada de extraordinária, incrível ou mágica, mas que mesmo assim ela pode ser muito divertida e que depende totalmente da gente. Dependendo de quem permitimos que entre nela. Depende de quem a gente escolhe manter nela.

Crescer também acompanha uma série de outros entendimentos, mas um dos mais difíceis pra mim sempre foi a despedida. A despedida nos obriga a encarar a nossa vida sem pessoas que a gente pensou que não conseguiria viver sem. Eu já perdi as contas de quantas vezes achei que alguns amigos meus seriam pro resto da vida e que hoje passam reto por mim e eu também passo reto por eles. O dolorido de pensar assim é saber que em alguns anos meus amigos serão outros e dividirão suas dores e conquistas com outros amigos e que até lá, eu também terei outros amigos e é com eles que dividirei minhas dores e conquistas e lá não vai ser tão dolorido. Ser passageiro faz parte de crescer. Mesmo que a gente se dê uma importância quase sempre maior do que a gente realmente tem, nós temos que aceitar que fomos passageiros pra muitas pessoas.

Alguns anos atrás eu escrevi um texto falando que eu tinha medo de ser só passagem na minha própria vida e nem caberia em um texto a contagem de quantas vezes eu fui depois que escrevi ele. Hoje eu sei que através de pessoas passageiras, eu consegui aprender muito mais, não só sobre a vida, mas sobre mim. Ser passageiro, faz parte de crescer.

Infelizmente, crescer também é entender que mesmo que em alguns momentos a gente acredite que é tipo personagem de desenho animado (que é atingido por uma bigorna e sai só com alguns hematomas) a gente não é. Eu adoraria escrever aqui que somos invencíveis e imortais mas o máximo que eu posso escrever é que somos eternos (nos corações que importam).

Obrigada a todos que passaram. Que eu tenha deixado um pouco de mim em vocês e saibam que vocês deixaram um pouco de si, em mim.

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