carta de alforria mari

Eu sempre achei que fosse normal.

Às vezes entre uma brincadeira ou outra. Mas essa é pra todos os homens que já fizeram eu me sentir louca. Esse texto é porque eu sempre achei que fosse comum o amor mandar e mesmo que eu me sentisse contrariada eu pensava que ao me calar eu estaria sendo uma boa namorada. Esse texto é por todas as vezes que você me fez submissa e por todas as vezes que eu, omissa, me achei louca por tua causa. Esse texto é por toda náusea que sua falta de responsabilidade emocional me causa. Vamos ao “causo”. Aos fatos. Me chamou de louca eu já sei quem é o louco, de fato. Tira a farda de homem equilibrado. Esse texto é por todas as vezes que eu me senti mal por ser quem eu era. Esse texto é por todas as vezes que você deixou eu me culpar mesmo sabendo que era o culpado.

Quando você disse que me amava, e depois que me comeu não disse mais nada e por te excluir das minhas reses sociais e da minha vida, eu fui a louca, doida, varrida. Quando eu por desespero quase me vi caindo na tentação de espiar teu celular e enquanto você traindo esquecia de me lembrar ou lembrava que ao chegar em casa teria sempre a buceta confirmada. Esse texto é por todas as vezes que nem eu mais me reconhecia e entre um “tu sabe como são os homens, troca essa roupa”, por já não saber se o problema era eu, ou se de tanto me questionar sobre a minha sanidade eu já não estava de fato ficando louca.

Esse texto é por todas as vezes que você escondia suas conversas como se em algum dia eu já tivesse tentado ler. Esse texto é por todas as vezes que teu ego excessivamente inflado me fez esmorecer. Esse texto é por todas as vezes que eu me inferiorizei, me diminui. Por todas as vezes que eu permiti que teus jogos e truques me machucassem. Esse texto é por todas as pessoas boas que eu não deixei que entrassem em meu coração, em minha vida. Esse texto é o estancamento final dessa ferida. Esse texto é por todas as vezes que eu achei que merecia o teu tapa. O teu grito. A tua cuspida. Esse texto é por todas as vezes que eu achei que não ia conseguir viver sem você. Esse texto é por todas as vezes que você demorou pra responder. Por todas as noites que você sumiu e desapareceu, e quando eu me preocupava por não saber como você tava, se tava bem, você me disse “esse sou eu”. Esse texto é por todas as vezes que você estava na casa daquele seu amigo (insira aqui um nome genérico) e por todas as vezes que você na verdade estava cometendo adultério.

Esse texto é por todas as infinitas vezes em que eu me senti objetificada, usada, estereotipada. Esse texto é um tiro na sua arrogância e no seu egoísmo, é um tapa no seu egocentrismo, é o desmascarar da sua megalomania, esse texto é mais que um texto, são mais que palavras, é mais que um desabafo, é a minha carta de alforria.

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