yasmin cabelo

Nós – que vivemos no país da comédia e dos memes – estamos acostumados a dar risada de qualquer situação. Mas será que esse costume tão nosso não é uma forma de ocultar nossos problemas sociais? O argumento “É só uma piada!” é válido para qualquer circunstância? Nos últimos anos, vimos se intensificar os debates sobre os limites do humor. É por isso que, incomodados com o fato de não poderem mais zoar mulheres, negros, gays, pobres, apenas por serem quem são, os “humoristas de plantão” reclamam de um mundo em que, vejam só, não se pode mais ridicularizar pessoas! Onde já se viu, né? Como agora vamos ser engraçados???

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Na última segunda-feira (19) a dona de brechó Yasmim Stevam foi uma das convidadas do programa de Fátima Bernardes e, logo após sua participação, foi vítima de uma avalanche de postagens racistas – disfarçadas de piadas e memes – nas redes sociais. Na atração ela abordou a dificuldade de arrumar emprego em consequência de seu cabelo. A questão é: pegar uma característica, que já prejudicou essa pessoa, e transformá-la numa piada é errado ou as pessoas que não aceitam essas piadas não têm senso de humor?

racismo

O problema é que esse tipo de “brincadeira” acaba reforçando preconceitos e contribui para a manutenção dos estereótipos negativos que atingem, não só no campo das palavras, as pessoas menos favorecidas de nossa sociedade. Mulheres “burras”, negros “criminosos”, homossexuais “efeminados”, pobres sem instrução… Todas essas características, por serem naturalizadas, acabam se tornando combustível para mais e mais preconceitos. A verdade é que esses estereótipos podem ser engraçados para quem não vive a exclusão na pele, mas são motivos reais de muito sofrimento para esses grupos.

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Quem não se lembra de já ter sido ofendida com alguma dessas piadas e ouvir de volta um “mas eu só estava brincando! Você não tem senso de humor, não? O politicamente correto é muito chato…”, como se o humor só pudesse se basear em algo agressivo para outras pessoas. O exercício que propomos é que, quando for fazer ou ouvir uma piada, pare antes e pense: “Por que mesmo ela é engraçada?”. Se a resposta for algo semelhante a “Porque ela usa estereótipos ou zomba de grupos marginalizados”, melhor repensar se é com este tipo de humor que queremos colaborar.

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