a parte que falta

Se você não tem ideia do que eu to falando, desce a página e vê o vídeo e depois volta aqui. Na última semana a nossa boa e velha amiga Jout Jout parou a internet ao postar um vídeo (sério, tá lá embaixo, ainda dá tempo de ver) lendo um livro infantil que a primeira vista parecia bem simples e, que, cá entre nós, um livro que eu certamente ignoraria se estivesse na prateleira de uma livraria, mas que de uma forma completamente surpreendente é basicamente uma bíblia, manual ou mantra da vida real quase que nem o “continue a nadar” da Dolly no Procurando Nemo que diz tanto, dizendo tão pouco. Tá, é um pouco mais profundo que isso.

Me desculpem por começar com o soco na barriga, eu juro que eu queria começar de uma forma diferente, mas não dá, eu preciso começar com sinceridade. O livro fala basicamente de uma coisa que nenhum de nós vai escapar e (calma) não é a morte, é o fato de que sempre vai faltar algo na nossa vida, é uma espécie de Lei de Murphy, que decreta que sempre quando algum lado tá equilibrado o outro não tá. Não é nenhum spoiler ou previsão, não sou nenhuma vidente ou pessimista, é só a verdade e é sobre isso que o livro fala. Sobre vida real.

O personagem principal está em busca da parte que lhe falta e ele encontra vááááárias partes e sempre que ele encontra essas partes, parece que outras coisas começam a faltar, eu sei o que você tá pensando agora e não é por telepatia, é porque eu pensei a mesma coisa, que isso é óbvio. É óbvio que não da pra gente ter tudo que a gente quer. É óbvio que sempre vai faltar alguma coisa. O que não é óbvio é o porquê, mesmo sabendo disso, a gente se contenta com a infelicidade. A pergunta que realmente importa aqui é: quantos de nós realmente estamos satisfeitos com a nossa própria vida, de uma forma geral? Quantos de nós tem prazer em estar vivo? Em acordar? Quantos de nós REALMENTE estamos vivos?

A nossa geração é a geração do “próximo brinquedo“. A gente ganha algo e mal aproveita já pensando na próxima coisa que vamos ganhar. A gente ganha um brinquedo e esquece de aproveitar ele por ficar pensando nos brinquedos que a gente não tem. A gente é ensinado a ser assim desde criança, aquele tênis legal que a sua colega ganhou, aquela bayblade que brilha no escuro e que você não tinha, aquela boneca super legal que falava, comia, fazia coco na fralda, sabe? A gente é condicionado a pensar que nada do que a gente tem é suficiente e a gente cresce tratando os sentimentos da mesma forma. Até as nossas redes sociais são uma vitrine perfeita pra vender a vida que a gente não tem e que, confia em mim, os outros também não tem. Todo mundo tá com algum problema AGORA, nesse instante. Aquela a sua chefe que pega no seu pé, tá se separando. Aquela menina que vive postando stories tá com a mãe doente e aquele seu amigo que deu uma sumida, tá com depressão. Todos nós enfrentamos as nossas batalhas diárias.

Doeu muito ver o vídeo porque por muito tempo eu fui o personagem principal, vivia infeliz por sentir que sempre faltava algo até perceber que o que faltava era conseguir olhar pra minha vida e apreciar o que eu tinha. Posso dizer por mim que é completamente libertador quando a gente decide viver e para de só existir. A gente passa a gostar até do barulho que a cidade faz ao nosso redor, a gente dá mais valor pra coisas que realmente são valorosas, a gente ama mais e se deixa ser amado. A gente se permite. Se descobre. A felicidade é um exercício diário. Então, amigos, independente de todas as coisas ruins que estão acontecendo agora na sua vida, se você conseguir focar nas boas, eu prometo que as ruins não serão tão pesadas. No fim, a única coisa que realmente nos falta é mudar o nosso ponto de vista!

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