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Dia 24 de janeiro de 2018 pode ser declarado como o dia da treta. A gente teve um ensaio deste dia nas eleições do Aécio Vs Dilma em 2014, e depois um novo experimento no processo de impeachment da Dilma. Mas nada se compara a tensão criada entre os vulgos “golpistas” (burguesia, coxinhas, capitalistas, direita) e os “ladrões” (povo sofrido, mortadelas, comunistas, esquerda) durante o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Antes de jogarem as pedras, me escutem um pouco. Eu vivo em constante crise moral no que diz respeito à política brasileira, simplesmente porque sofro de uma dúvida aguda, enquanto cá e lá bradam certezas. “Tinham provas suficientes!”, “as provas são inexistentes!”, “prendam este ladrão!”, “perseguição política!”. Gente, pode me chamar de ignorante, mas não consigo ter a convicção de que nenhum dos lados está certo. E na medida em que é possível, eu leio bastante a respeito, escuto as opiniões de ambos os lados. Você pode dizer que eu sou uma “em cima do muro do caralho”, e que eu sou o problema deste Brasilzão, e eu talvez terei de concordar. Mas nada me convence que essa polarização é saudável para cena política. Ou pra qualquer cena.

Ultrapassamos a velha sina do PMDB Vs PT. Beiramos uma luta de guerrilha entre “eles” e “nós”. É como se a política brasileira tivesse virado facções apostas na disputa pela boca de fumo. O negócio em questão é de ética duvidosa, e ambos os lados andam armados até os dentes, com uma imensa munição de ofensas pessoais, disparados como se fossem fuzis uns contra os outros. É tanta gente gritando, e nenhuma ouvindo. De qualquer lado do morro.

Cultuo uma inenarrável inveja de quem tem convicções plenas de seus candidatos a 2018. Sérião. Seja você “Bolsomito”, “Lula ladrão de coração” ou todos os demais presidenciáveis. Porque eu ando querendo me bandear para o partido que mais cresce no país. Aquele dos votos nulos, brancos, abstenções, e até o que sei, inúteis. Aqui, na pequenópolis onde moro, esse partido ganhou as eleições de prefeito, mas quem assumiu foi o segundo lugar. Tal como aconteceu na capital do meu estado, Porto Alegre. O prefeito Marchezan se elegeu direto do segundo lugar, perdendo para os nulos e brancos. Seria esse o futuro das eleições presidenciais em 2018? Uma maioria de indecisos, perdidos ou simplesmente desesperançosos, liderando a maioria da nação?

Veja, eu não vim aqui julgar votos de ninguém. Vim aqui questionar se essa nossa postura de polarizar cegamente seja de um lado ou de outro, não está nos ocupando demais com a treta, e pouco com a solução. Talvez aqui reine nosso maior problema como país democrático. Afinal antes de “golpista” ou “ladrões”, a gente sonha mesmo em brasileiro. E com alguma harmonia, discussão sadia e educação, talvez até brasileiros orgulhosos. Já pensou que doido?

Do contrário sinto que só concordamos em fevereiro, quando viramos todos foliões. Ou no resto do ano quando nos sentimos completos palhaços.

LULASARNEY

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Aline Mazzocchi é autora do blog Antônia no Divã e colunista do ATL Girls. Por aqui ela fala sobre vida, viagens, comportamento, aprendizados e filosofia viajante. Carimbe seu passaporte com ela aqui no ATL Girls e também no antonianodiva.com.br

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