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-Eu não quero um relacionamento sério.

 A conversa começou assim. De largada, eu já tomei essa na cara. “Eu sai agora de um relacionamento, quero meu tempo, quero ficar só”. Minha primeira reação foi pensar que no livro das regras do coração quem disse que relação tem a ver com compromisso? Confesso que eu também não admiro rótulos e confesso que eu também sempre funcionei melhor em relações monogâmicas, mas, pra mim, todas as relações costumam funcionar da mesma forma. É agradável, pode continuar, até que não seja mais agradável pra alguma das partes. Um daqueles contratos de convivência. No meio desse contrato eu só não contava com um problema que era perceptível à quilômetros de distância, o clichê (que é clichê por um motivo) de que a gente não tem o poder de mandar no nosso coração. Essa história não teve um desenrolar muito diferente do imaginado. Me decepcionei. Me machuquei. Sofri pra caralho pra perceber o óbvio: a culpa foi minha.
Quando eu não possuía nenhuma ou quase nenhuma maturidade emocional eu caia no erro recorrente de acreditar que eu podia ser ou fazer a diferença nos corações machucados, era uma teimosia e até uma arrogância da minha parte acreditar que eu era capaz de curar as pessoas. Característica que eu não carregava só pelo meu ego excessivamente inflado, admito, mas também porque de alguma forma eu me achava especial (eu sei que você que tá lendo isso já pensou isso alguma vez). Quanto mais eu amadureço, quanto mais conhecimento eu tenho sobre quem eu sou, mais adquiro uma consciência de que nós confundimos nossas características singulares e particulares que fazem sim de nós, únicos com características que fazem de nós especiais ou extraordinários. Sabe aquele erro que todos nós já cometemos um dia? Aquele nosso hábito insuportável de achar que nós temos alguma coisa de diferente pra oferecer pros outros quando na verdade o “especial” não existe, ele é só um recurso que a gente cria pra lidar com o peso que é ser “real”. Ainda tá difícil de entender? Calma! Eu to chegando na explicação. Somos abraçados diariamente com o mito da perfeição, as redes sociais são um caminho perigoso que nos leva à uma consciência de que todos tem uma vida perfeita. Comem a melhor comida. Tem os melhores relacionamentos. As redes sociais nada mais são do que um mecanismo perfeito pra mostrar pros outros a vida que nós NÃO TEMOS.
Vivemos em uma sociedade de juízes que enxergam a decepção, a falha e a derrota como condenáveis à sentença de morte. Ninguém admite a derrota como parte inevitável da nossa experiência como seres humanos e mais do que isso, como parte essencial dessa nossa vivência. O desamor e a decepção sejam eles do caráter que forem, são sentimentos importantíssimos também dentro de nossas experiências em sociedade, principalmente quando percebemos que somos diretamente responsáveis não só pelas nossas derrotas mas também pelas nossas decepções. As decepções nada mais são que expectativas que nós colocamos em algo que não corresponde essas expectativas, então o que me resta é digerir que quando alguém não quer um relacionamento sério, às vezes, essa pessoa só não quer um relacionamento sério mesmo.
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