Atlântida

Lamentável. Em pleno século XXI ainda temos traços racistas e segregacionistas nos meios de comunicação. Todo mundo sabe sobre o noivado do Príncipe Harry e a atriz Meghan Markle, o que a maioria de nós não esperava (assim eu espero) são as críticas e comentários preconceituosos sobre Meghan. Obviamente não foi toda a imprensa britânica que teve esse tipo de atitude, mas, como em todos os lugares, sempre tem a minoria que acaba gritando mais alto. E essa minoria encarou tudo com racismo e estereótipos contra meninas americanas.

Dentre os comentários estão coisas como: “as americanas pegam os britânicos porque chupam bem”, tal como insinuou Tatler em um texto sobre o casal – “as garotas americanas sempre fazem sexo oral muito antes do que as britânicas porque não veem isso como sexo”. Ou: como escreveu The Spectator “alguém precisa dizer isso: 70 anos atrás Meghan Markle seria o tipo de mulher que o príncipe teria como amante, não como esposa”; ou, ainda: “não é uma Kate Middleton!”. Nessa mesma linha vai um texto do The Sun em que se descrevem as diferenças entre as duas, exaltando a “rosa britânica Kate” por sua classe ante a “família divorciada” ou desabonando o estilo de Markle – “saias de couro justas” e “camisetas largas de algodão” – ante o estilo de Middleton, que “irradia sofisticação”.

Talvez isso seja o reflexo de uma sociedade (que viu durante muito tempo a sua monarquia intacta, presa ao passado e longe de se modernizar) com certo receio do quanto essa notícia pode afetar a sua vida. Tento me colocar no lugar dessas pessoas que aprenderam desde a infância as regras da realeza, a amar a família real e, até mesmo, que almejaram morar no palácio de Kensington. Ninguém gosta de mudanças. Porém, elas são necessárias.

Com todo respeito à imprensa britânica e as demais pessoas que compartilham desses pensamentos em relação à Meghan, a entrada de uma americana na família real britânica é uma amostra do que é o século XXI. Estamos rodeados por avanços tecnológicos e científicos, mas está nos faltando empatia, um sentimento de sociedade global, olhar para o outro como alguém que tem suas qualidades.

Meghan é embaixadora da ONG de ajuda humanitária World Vision e já realizou muitos projetos humanitários, viajando para países como Ruanda, na África. É uma atriz talentosa, aparenta ser super simpática e é discreta em seus looks. Tudo isso daria uma ótima reportagem, não?