Atlântida

#1 Viva o luto. De verdade.

O fim de uma fase, de um ciclo, de uma história nunca é fácil. Sofra. Sofra de verdade. Chore até seus olhos virarem uvas passas. Se permita sentir algo. Construa um castelo de cobertores, caixas de comida e pratos sujos no seu quarto, até que você sinta que está pronto pra enfrentar a rua novamente. Até que você sinta que pode voltar a sair e então saia. Eu garanto que você vai superar. Por mais que pareça, corações partidos não matam ninguém.

#2 Viva a sua solidão

Nascemos e morremos sozinhos. Um pouco triste, né? Quando eu percebi isso foi um choque de realidade. Fiquei meses em depressão profunda, tinha crises horríveis de ansiedade e de pânico porque é genuinamente doloroso e difícil aceitar e reconhecer a nossa insignificância. Não só em frente a esse mundão enorme, mas nas nossas relações também. É muito difícil quando precisamos nos desapegar do nosso ego. Então eu sentei por alguns meses pra refletir, me afastei de muitas pessoas e de grande parte dos meus amigos pra descobrir, da forma mais simples, que a solidão é um estado de espírito. Eu sempre temi a solidão. Então por dolorosos 4 meses eu sofri o meu luto diariamente. Não só o luto pelo término, mas o luto daquela versão antiga de quem eu costumava ser.

#3 Você não é especial. Você é único

Eu me achava especial até perceber, e jesus como doeu perceber, que eu era facilmente substituível. Mas porque? Porque é verdade. Eu não tô a procura de elogios gratuitos, eu não quero declarações de amor. Esse não é o motivo desse texto, eu só acredito que aprendi algumas coisas que merecem ser compartilhadas, porque talvez faça com que vocês que também se sentem diferentes consigam compreender melhor a beleza das relações contemporâneas (por mais passageiras que elas possam parecer e aos meus olhos, de fato sejam). Mas como pode haver beleza em ser substituível? Porque torna ainda mais bonito, por exemplo, o fato de que as pessoas te acolhem em suas vidas porque querem, por escolha delas, mesmo sabendo que no fundo, bem lá no fundo, elas não precisam de você e mesmo que lá no fundo você saiba que não precisa delas.

#4 Felicidade e momentos bons devem ser compartilhados

Nunca tive medo da morte, o que me assusta mesmo é o esquecimento. Calma, eu não to sugerindo que a gente largue tudo a lá “into the wild”, a gente não precisa largar tudo a la loka e morrer pra descobrir que a felicidade só vale a pena quando é compartilhada, e que a vida só vale a pena quando a gente compartilha os momentos bons com as pessoas que, mesmo substituíveis, escolhemos pra nossas vidas.

#5 Uma caminhada em direção ao desapego do nosso ego

Términos são bons pra percebermos a nossa pequenez e insignificância diante de um universo vasto de tantos outros bilhões de pessoas. Ver que tanto você, quanto a pessoa com a qual você dividia sua vida, podem se apaixonar novamente é possível! Depois de um término descobrimos coisas incríveis como por exemplo que nós não somos absolutamente, mas nem um pouquinho diferentes de uma boa parte das pessoas. Você se achava legal porque curtia aquela série hipster e começa a descobrir que, na verdade, várias pessoas também curtem. Você se achava diferente porque lia determinados autores, até descobrir que uma boa parte das pessoas também gosta de ler. É engraçado pensar nessas nossas características que fazem de nós tão iguais aos outros e tão diferentes ao mesmo tempo.

#6 Até as coisas boas em doses exageradas, fazem mal

Namoros podem ser nocivos. Amores podem ser nocivos. Talvez você mude, não do jeito legal (pra melhor), talvez você deixe de fazer coisas. Talvez você deixe de ir ao cinema porque está com alguém que não gosta tanto assim. Talvez você deixe de ir àquela festa. Talvez você pare de tomar aquela cerveja pós expediente. Nós somos um compilado de tudo que vivemos. O meu eu de agora, que tá aqui, só é assim pelas experiências que teve. Foi depois dessas experiências que eu descobri que até as coisas boas viciam, que até a paixão pode ser um veneno quando a tomamos em doses exageradas.

#7 A sua decepção é toda sua

O problema é que eu depositei no meu ex-namorado todas as expectativas frustradas da minha vida, dos meus antigos relacionamentos. Depositei nele a certeza de que ele ia ser o grande amor da minha vida e ele não era. Depositei nele toda a confiança que tanto outros caras já tinham destruído e ele foi só mais um a destruir. E daí vem o meu maior aprendizado dentro de todas esses longos vinte e poucos anos de vida. A sua decepção é toda sua. Assim, na lata. Sem carinho e sem massagem. Você é responsável pelas suas decepções porque é VOCÊ que deposita expectativa nas coisas, nas pessoas, nos relacionamentos, portanto se você não o fizesse não se decepcionaria. Sem contar que, no fim, as coisas tem a importância que damos à elas.

#8 Nunca permita que a sua felicidade dependa de terceiros

Precisamos encontrar o equilíbrio e hoje eu percebo que eu não tinha absolutamente nenhum equilibro e nenhum auto controle àqueles tempos, e que eu permitia que todas as pessoas que me cercavam fizessem comigo o que bem entendessem. Eu tinha o emocional de uma criança de 3 anos e aprendi finalmente que eu precisava encontrar a minha felicidade em mim (seja lá o que isso significa, continuo trabalhando nessa tarefa árdua), antes de querer dividir a minha vida com outra pessoa. Se leve pro cinema. Se leve pra jantar. Aproveite a sua própria companhia antes de presentear alguém com ela.

#9 Não tenha pressa, não tenha medo

O que eu aprendi nesses meus vinte e poucos anos foi, com certeza: o oposto de amor definitivamente não é o ódio. O ódio é um sentimento movido pela paixão, inclusive. O oposto de amor , pra mim, e o que eu mais temi sempre foi a indiferença. Fiquei por tempos não conseguindo me entregar a novos relacionamentos. Conheci pessoas legais mas simplesmente não conseguia me apaixonar.  Eu não conseguia sair de casa. Não tinha vontade de ir à festas, de conhecer pessoas novas. Que erro. De quantas coisas boas eu me privei? Não perca tempo com medos e não ache que só porque você se machucou uma vez (ou duas, três, quatro) isso se tornará uma constante na sua vida. Pra tudo há um momento na vida. Não tenha pressa, mas não tenha medo.

#10 O recomeço é uma redescoberta de você mesmo

Eu espero que as pessoas parem de associar o final feliz à grandes casamentos, a belíssimas e inacreditáveis histórias de amor. O final feliz pode ser a gente juntando os nossos trapos, das nossas bagagens com roupas jogadas e espalhadas por tudo e haja trapo entre um amor e outro. Seu “final feliz” pode ser aquele emprego que você sempre quis. Pode ser você curtindo a sua vida, exatamente do jeito que você acha que tenha que ser. Talvez o seu final feliz não envolva reencontros emocionantes em aeroportos e talvez seja só você enxergando felicidade na sua rotina simples e ordinária. Vivendo um dia de cada vez, sem portas fechadas pra qualquer novidade que esteja prestes a chegar. Relacionamentos são ciclos. Infelizmente, é difícil ter que viver com prazo de validade, pra mim essa sempre foi uma parte muito difícil de namorar. Difícil perceber que por mais que você ame o seu companheiro, talvez e muito provavelmente – principalmente pra quem tem a minha idade – vocês sigam por caminhos diferentes e que seus interesses muito provavelmente mudem ao longo dos anos, porque é isso que acontece, as pessoas mudam. E por mais que isso pareça triste, isso é lindo. Todo dia podemos (re)COMEÇAR.