smart mari

Tentando curar em vão uma depressão que o mundo atual me provoca. Tentando virar a mesa, me dizem pra enxergar o lado bom, mas na minha cabeça é tudo lorota. Trocaria por abraços todos os peixes em notas, e de todos os rótulos que você me coloca,  eu trocaria por cordas de palavras pra te ver asfixiar na sua própria língua torta. Vai fala. E se enforca. Minha caneta tudo escreve, meu olho tudo nota. Tudo exposto na forca. Alguém puxou a corda, gritou acorda. Acordei. E você? Você acordou preso em você mesmo e virou refém de um espelho no quarto, ou desses black mirror espelhado, 32 giga da tua vida, mas tudo perdido com excessos. Como em um carro acelerado eles dizem… Perdeu o controle. Eu perco todo dia. Minha caneta não tem limites ou bombas, minha única arma é essa porcaria da poesia. E eu não gosto de violência, então prefiro com essa arma ter só disputas líricas. Sem baixar o nível até porque o objetivo é subir degrau por degrau pra tentar ver a vista de cima, cansei de desnível.

Não me acho artista. Tudo que eu faço é por necessidade e não paixão. Cê acha mesmo que eu aprecio virar noites no colchão, tentando encontrar um motivo bom o suficiente pra me fazer levantar da cama? “Mas tem uma penca de gente que te ama” eles dizem. Isso é óbvio. Mas do que adianta uma penca de gente me amar, se eu não encontro meu amor próprio? Vai por mim. Eu já tentei floral, remédio, cessão e uma porrada de outras formas de solucionar um problema que só tem uma solução: me encontrar. No fim, é isso que a gente procura. Encontrar uma forma de curar aquilo que só o que cura é a gente mesmo.

A geração dos deprimidos, cansados de opressão, abriram os ouvidos, sentaram a bunda e aprenderam a escutar sua lição. Só tem depressão quem aprendeu a olhar pra sua realidade e entendeu que fora dela tá acontecendo a vida e de verdade. Tem gente morando em papelão pelas ruas da cidade e enquanto meus antigos colegas tiram foto doando sangue e uns dois cobertores velhos, achando que tão fazendo caridade, é caricato, os meninos de escola privada brincando de caridoso no quentinho do quarto. Pra postar no Instagram e conseguir aquele status, moral com a gata, mas são tudo uns ratos.

Meu irmão, olha pra você mesmo. Enquanto cê aponta um dedo, pra você tem apontado quatro. A mina de 4. E você pensando nos like da foto de quarta. É segunda. E você não parou um segundo pra olhar o pôr do sol com olhos, olhou só pelo celular. É sexta e meu sexto sentido me diz que o que vale pra você é um sinal de positivo de quem curtiu sua foto curtindo aquele crivo, mas ah irmão, o que vale é um dedo do meio e mandar pra puta que pariu toda essa maquiagem. Sem efeito. Sem filtro. O sentido verdadeiro é encontrar um motivo pra acordar sentindo felicidade. No fim é só isso que a gente quer. Ser feliz, mas daí a gente encontra outros caminho, a cocaine, a biqueira, a cachaça e o vinho. Qualquer coisa que nos ajude um pouquinho que seja a esquecer do mundo ou esquecer da nossa própria cabeça.
Calma menina, você ainda tem tempo“, falam assim, mas fala sobre tempo pros remédios pra depressão e ansiedade misturados aqui dentro de mim. Eu já nem sei se eu sou quem eu sou ou o que os remédios me fazem ser. Só sei que ninguém sentou e me ensinou que assim seria amadurecer. Mas nesse cenário, sempre fui como o Peter Pan na terra do nunca, eu esqueci de crescer e aprendi a sonhar como os nossos pequenos niños. O problemas é que como os nossos meninos e as nossas meninas eu também sonhava com heróis, mas só encontrava heroínas, tipo Hey jude under your skin, mas não era com abraços mas sim com seringas. E pra gente essa tal felicidade, caída em alguma esquina, é tipo sabiá, nunca vi, nem ouvi, só ouço falar.
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