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grelo-azul

Eu juro que fiquei temerosa quando senti pela primeira vez. Segurei o segredo comigo, e jurei que tinha alguma coisa errada lá em baixo. Eu já havia ouvido falar sobre as tais “bolas azuis” ou “roxas”, condição descrita pelos rapazes quando ficavam muito excitados e por algum motivo repreendiam a “descarga elétrica”. Mas eu era uma garota, não tinha pinto, ou tampouco bolas, e por isso fiquei preocupada quando pela primeira vez o tesão me deixou na mão e uma dor latente bateu na porta do meu prazer. Tum-tum-tum ecoou na minha vagina.

A primeira atitude foi procurar um médico, claro. Expliquei a minha condição e a ginecologista deu de ombros. Disse que não havia muita incidência do que eu havia descrito, e depois de me examinar alegou que eu estava saudável, e que não havia nada de errado lá em baixo. Ou dentro. Ou em qualquer área envolvida com a minha libido. Não satisfeita, fui pesquisar a minha conjuntura na internet. Encontrei uma ampla bibliografia sobre a condição masculina – é claro – em que as famosas “bolas azuis” eram descritas por entendidos como o “represamento” do líquido seminal dentro da próstata, das vesículas seminais e também dos testículos.  Nada fazia referência à natureza feminina deste “represamento”. Por dias me peguei pensando se haviam bolas azuis dentro de mim.

Fui mais afundo na minha inquisição – eu não conseguia aceitar a ideia de seguir com aquela inquietação – nas calcinhas e na cabeça. Medicina ou bibliografia nenhuma podia ser fonte mais segura do que os bons e velhos grupos de Whatsapp dazamigas. E foi lá, na intimidade de grupos só de meninas, que para a minha surpresa, eu descobri que não era a única que sofria da condição que batizei de “grelo azul”. A minha pesquisa levou-me de encontro a mulheres de todas as idades – cuja excitação não “atendida”, resultava em uma dor latente que podia ser tanto no interior da barriga (abaixo do umbigo), como também uma pressão, quase uma dormência, sobre os grandes lábios.

Ouvi as vítimas desta aflição temporária de forma atenta e curiosa. Fiquei feliz por encontrar outras que como eu, sofriam da mesma forma com o rala-e-rola interrompido. O meu grelo-azul não estava mais sozinho. E na falta de bibliografia mais científica, eu decidi compor uma ideia mais poética do saudosismo deixado por uma excitação que partiu.

Dor de tesão ou “grelo azul” é a presença da ausência. Ausência das delicias que foram insinuadas pelo restante do corpo, quando abruptamente o prazer mudou de rumo.  É o aquecimento fulminante encerrado por um balde de gelo, quando o corpo não teve oportunidade/tempo de esfriar naturalmente. É a indignação de um clitóris. O estresse de uma periquita. O injuriar de uma pepeca. O lamento de uma lubrificação perdida. O reclamar em alto e em bom tom dos grandes lábios. É o latejar físico da desesperança. A fome insaciada. O desejo agonizando.  A ânsia, a agonia e angústia de ver a chance de um orgasmo dizer adeus, ou pelo menos “até breve”. É o aprisionamento da vontade. E dói. Dói de verdade.

O grelo azul não é lenda urbana. E tão pouco uma invenção das moderninhas. Muito menos uma condição digna apenas das “safadas”. Não importa se a interrupção do tesão foi porque não havia tempo, ou por conta de uma intervenção externa, ou ainda se no caso mais comum, porque faltou estrutura para entrar em campo – o famoso “eu não tenho camisinha”.  Às vezes a dor surge de uma conversa acalorada ao pé do ouvido, um nude sacaninha no celular ou aparece na lembrança de um tesão que mora longe. O grelo azul existe, e sofre junto com a gente.

Durante este pequeno estudo que fiz – sem compromisso com amostragem, e que tem margem de erro de duas pepecas para mais ou para menos – eu me convenci que não existe necessidade de comprovação científica para justificar a nossa inquietação (até porque pouco estudo se dedica ao libido feminino – para muitos o nosso orgasmo ainda é um mito). Entretanto esse represamento de alegria de fato lateja em muitas de nós mulheres, para ser considerado uma condição exclusivamente masculina. Mesmo porque se o tesão é compartilhado, a consequência de sua falta também, não faz sentido? Até o dia – é claro – em que a excitação represa para aventuras mais promissoras. E acha seu rumo nas descargas mais genuínas.

Não tem antídoto mais gostoso para essa dor do que o prazer atendido. E aí minha gente, não tem grelo azul que não fique colorido. Aí é a vida que fica mesmo TUDO AZUL.

antonianodiva.com.br

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