bici e mala

Quando a gente cresce percebe que foi enganada. Passamos a infância inteira ouvindo sobre o tal príncipe encantado e nos preparando pra sermos a princesa, e sequer notamos que nem todas as mulheres sonham em casar na igreja e em encontrar o grande amor da sua vida. E tá tudo bem. Algumas só querem ser bem sucedidas e felizes.

É muito exaustivo esse pensamento de que um final feliz exige que se encontre alguém que te complete. Sugiro uma nova perspectiva: a perspectiva do amor próprio. Dá pra gente se amar em primeiro lugar? Uma coisa eu garanto, vocês vão encontrar muitos “amores da vida” de vocês ainda. Vivemos em uma cultura que afirma que pra ser feliz precisamos encontrar alguém, e na verdade, precisamos nos encontrar. A gente precisa se encontrar, se descobrir e, de vez em quando, se perder, só pra poder se encontrar novamente.

Acredito que é muito por essa necessidade de se “encontrar alguém” que o mundo se encontra cada vez mais escasso de amor. Daí qualquer coisa que me aparece, é amor. Aquela pessoa que não te liga, é amor. Aquela pessoa que te destrata, é amor. Fomos criados segundo a lógica de que a pessoa que te trata mal é a pessoa que te ama. Vivemos em um paradoxo, hoje tudo é amor, mas nada realmente é amor. Sejamos francos. Amar é estar perto. É confortar, é dividir, é repartir e partilhar. Não é abrir mão de tudo que se gosta, é aprender a compartilhar os interesses. Amar é um ato de vontade.

Tempos atrás sequer tínhamos o direito de amar. Os casamentos eram arranjados e ser desquitado era feio, e hoje, em pleno século XXI, ainda tem gente que escolhe a infelicidade. Quantas histórias vocês não sabem sobre mulheres e homens que se submetem a uma vida infeliz porque precisam cuidar dos filhos, manter a casa, os bens e isso se torna um ciclo vicioso. As histórias se repetem e os filhos repetem os erros dos pais, se seus filhos só tiverem testemunho e vivência de um lar infeliz, é bem provável que assim eles construam uma família, tomando como exemplo as atitudes que vocês projetam pra eles.

É bem provável que você ainda não tenha encontrado o amor da sua vida e tá tudo bem. A pessoa certa vai aparecer na hora certa, e você simplesmente vai saber. Ou simplesmente não tem pessoa certa, você quer se focar na sua carreira, quer ser alguém de sucesso, um bom advogado, uma boa engenheira, você quer ser feliz. Seja como for.

Nos ensinaram e nos fizeram acreditar que um dia conheceríamos um cara perfeito e seríamos felizes pra sempre ao lado dele, todas as histórias imploram para que a gente espere por isso, espere por aquele plot twist, aquela declaração inesperada. E talvez o final feliz seja só a gente seguindo em frente. Talvez o final feliz seja a gente juntando os pedaços meio desorganizados da nossa vida. Talvez nosso final feliz não envolva um príncipe em um cavalo branco ou um príncipe segurando o nosso sapato, porque tampouco temos ambição de sermos princesas, e talvez seja só a gente olhando pra frente e recomeçando, talvez o final feliz, seja só a gente sendo feliz sem um pra sempre, sem um príncipe, só feliz.

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