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Quando o Piangers lançou o livro “Papai é Pop” eu fiquei extremamente empolgada.  Não apenas por gostar muito da criatividade e sagacidade dele como escritor, mas pela oportunidade de mostrar a paternidade de um jeito divertido, com altas doses de vida real.  O Piangers vende a paternidade muito bem, e eu acho isso extremamente positivo e necessário.

Lembro com alegria do dia que vi a entrevista que ele e sua família deram no programa da Fátima Bernardas, onde a Ana Emília, autora do livro Mamãe é Rock e esposa do Piangers, foi ovacionada por sua sorte de ter um marido que a ajudava na aventura de criar os filhos. Ana Emília foi categórica, (como sempre costuma ser, desde que a conheço): “Eu tive um pai muito presente, então eu nunca aliviei muito para o Marcos [Piangers] nisso”. Conhecendo a história da família PopRock, ela não é muito diferente das nossas, com seus altos e baixos, momentos difíceis e outros divertidos.  O sucesso da paternidade do Piangers  foi reconhecido não porque ele é pop – mas porque ele é além do pop, um participativo. Ele não é um Papai de Facebook.

O Papai de Facebook é aquele sujeito cujo único interesse é ser pop. É aquele cara que acha lindo postar os momentos em família com a prole, mas na hora do pega-para-capar na vida real, acha que isso é tarefa da mamãe. O Papai de Facebook é aquele que não faz questão de pagar a escola dos filhos, mas não abre mão de deixar em dia a mensalidade do condomínio da praia. Sabe esse cara? Que aparece com um Lego de R$ 400,00 reais e 900 peças no Natal, e que “voluntariamente” “ajuda” nas despesas mensais com R$ 800,00 para vestir, educar e alimentar duas ou mais crianças? Ele é o divertidão que leva no Mc Donald’s uma vez a cada quinze dias, e alega que mamãe superfatura a conta do supermercado.  Usa a cabecinha das crianças para criar uma realidade de que o papai é um quebrado, mas que sempre vai fazer de tudo pelos amores de sua vida, enquanto se arma de advogados para livrar-se da pensão. Esse é o papai que posta fotos do seu final de semana com a molecada, gritando o seu amor aos 7 ventos, mas não bota a mão no bolso, no tanque ou na consciência para provar tal comprometimento.

Eles são os caras que fazem textão no Facebook sobre como a paternidade deu sentido às suas vidas, mas fralda suja não é com eles. Fazem vídeo-montagem dos melhores momentos daquelas férias escolares divertidíssimas, mas tema de casa é assunto da mamãe. Limite é coisa da mamãe. A mamãe, aquela chata que quer botar juízo em tudo, enquanto o papai extravasa no tempo livre das crianças quando ele pode. E se você acha que isso é papo de mãe solteira amarga, enganou-se. Eu não tenho filhos, ainda que entenda intimamente e duramente o desafio de criá-los. Mas deixe a minha opinião de lado por um minuto: existem 20 milhões* de mães solteiras no Brasil (*IBGE de 2015), que devem concordar que paternidade quando convém – no dia dos pais, ou quando fica bonito em rede social – é uma realidade constante e frustrante na vida de muita gente. Existe um proverbio africano que diz “precisa-se de um vilarejo inteiro para criar uma criança”, que trata justamente de como a sociedade toda deve colaborar no cuidado da infância. Bem, papai, você é parte do vilarejo mais do que ninguém.

O meu pai não foi perfeito. Ele era aquele que me esquecia na sua vez de buscar na escolinha, não tinha muito saco para as minhas apresentações de dança, e marcava de cima os namorados como um general. Acima de qualquer trapalhada, meu pai foi alguém que trabalhou a vida toda para que nunca me faltasse nada. Muita gente próxima de mim, não teve a mesma sorte – com seus próprios pais, ou mesmo com companheiros ou ex-companheiros.  Eu sei, relacionamentos são complexos, e acabam – mas filhos sãos laços eternos, não são? Nos fóruns de discussões da internet vejo muitos homens opinando sobre aborto ou  depositam nas mulheres a responsabilidade de não engravidar ou mesmo de criar os filhos. Sempre que me deparo com essas opiniões são vorazes sobre maternidade, me pergunto como estes cidadãos se comportam frente a gritante maioria de mães que criam seus filhos sozinhas. Será que eles protestam por mais creches da mesma forma que rufam tambores contra o aborto? Condenam os Papais de Facebook da mesma forma como dizem que “abriu as pernas, agora que embale a criança”? Por que a gente pega tão pesado com a maternidade, enquanto a paternidade precisa de leis cada vez mais duras para se fazer valer? Paternidade é opcional?

Então nesse dia dos pais, quero enaltecer os papais que pegam junto mesmo, e não acham que é gentileza ajudar a criar os próprios filhos. E quando eu falo pegar junto é bancar, embalar, ninar, educar, brincar. O meu parabéns vai para aqueles que sabem que pai ativo é o melhor presente para um filho e o seu maior legado na vida. Aqueles que, como disse o Piangers, não tão “de babá” por aí quando estão com os filhos, que estão de pai mesmo. Ou como Ana Emília discute, aqueles não estão fazendo mais que sua própria função, e fazem questão de exercê-la. A vocês que somam, e não somem, meu sincero e glorioso Feliz Dia dos Pais.

E se por algum acaso, um dia, o filho de vocês estiver brincando com uma boneca – deixe-o. Ele está treinando para ter um dos papeis mais significativos e recompensadores da vida dele. E paternidade não se finge em rede social, se aprende na vida real, brincando, errando, acertando – basta querer. Viu Papais de Facebook. Agora larguem o celular e vão brincar de casinha com seus filhos.

antonianodiva.com.br

 

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