roupa mulheres

Tente lembrar das últimas vezes que você levou uma calça para fazer bainha. Eu posso apostar que quem costurou para você foi uma mulher e que se você pagou R$ 30,00 foi muito. Agora vamos dar um Google rapidinho. Digite ali no campo de busca “estilistas mais bem pagos do mundo”. Olhando rápido já aparecem nomes como Marc Jacobs, Giorgio Armani, Calvin Klein: todos homens.

Você deve estar entendendo onde eu quero chegar com esse post, mas aqui o furo é um pouco mais embaixo do que a diferença salarial por questões de gênero. Vamos falar também de direitos humanos.

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Antes, um pequeno contexto: a indústria da moda é uma das maiores do mundo. Segundo o documentário The True Cost – tem no Netflix – mais de 40 milhões de pessoas no mundo trabalham na indústria têxtil, sendo que a maioria deles são os trabalhadores mais mal pagos do mundo e não contam com direitos básicos de trabalho (já falamos aqui das sweatshops). 85% desses 40 milhões são mulheres e a maioria delas têm entre 15 e 22 anos. Isso quer dizer que muitas grandes empresas de moda do mundo aumentam suas margens de lucro em cima do trabalho duro de jovens mulheres. A ONG feminista internacional Feminist Majority Foundation já declarou denúncias de mulheres que sofreram assédio sexual, punições físicas e abusos verbais de seus supervisores dentro das sweatshops.

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Tudo isso para dizer para você aí, mulher e feminista, que quando você compra suas roupas e nem pensa em como ela foi produzida, provavelmente está vestindo peças que foram feitas às custas do trabalho escravo de outras mulheres, mesmo que ela esteja lá do outro lado do mundo. E em tempos que falamos cada vez mais sobre sororidade e sobre irmos juntas já é hora de levantar esse assunto: de nada adianta usar uma camiseta com dizeres “sou feminista” se várias outras mulheres sofreram para que essa peça pudesse custar o mais barato possível para você. Né?

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“OMG, nunca tinha pensado nisso! E agora, onde vou comprar minhas roupas?”. Calma, nem tudo está perdido e nem toda empresa de moda utiliza trabalho escravo, seja ele feminino ou não. Basta buscar saber um pouco mais e pesquisar sobre as marcas que você gosta de comprar. Reduzir o consumo ou deixar de comprar apenas por comprar também é uma boa forma de combater esse tipo de trabalho escravo. Outra ótima dica é consumir de marcas menores e locais, frequentando bazares, lojas coletivas de novos estilistas ou pequenas marcas. Assim, além de saber exatamente a procedência da sua roupa, você ainda fomenta o mercado local e incentiva o empreendedorismo de uma outra mulher que está na luta para crescer nesse mercado tão difícil e competitivo que é a moda ética. :)

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