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Não vou mentir: o livro “50 Tons de Cinza” rolou pela minha casa por um tempo. Não toquei nele. Minha mãe adorou. Aí chegou o filme e, numa madrugada sem graça, acabei assistindo colada no meu amado baldão de pipoca. Admito que rolou uma certa decepção. A prática do BDSM, assunto quase central do best-seller é mostrado de forma superficial e isso me incomodou bastante – fui obrigada a pesquisar e hoje trago algumas informações bacanas pra vocês.

Aliás, pra quem não está familiarizado, eis uma breve explicação: BDSM é uma sigla que representa várias práticas e expressões eróticas: Bondage e Disciplina (B/D), Dominação e Submissão (D/S) e Sadismo e Masoquismo (S/M). O termo envolve uma subcultura gigantesca que inclui muito mais do que fazer sexo algemado ou dar e levar tapas, mas também roupas, fantasias e dinâmicas de relacionamento.

Portanto, querida Anastasia, nós temos que conversar.

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Bondage é a arte de prender ou amarrar uma pessoa, deixando-a sob seu total controle. Dominação e submissão é quase óbvio, mas vamos lá: um manda e o outro obedece. Embora seja consentida, a disciplina geralmente vai além de uma simples relação de dominação porque é necessário manipular a pessoa a ser treinada e fazê-la ultrapassar os próprios limites. Essas “aulas” podem ser feitas utilizando tapas ou espancamentos, mas também impedindo a pessoa de, por exemplo, comer algo que gosta muito e até mesmo mexer no celular.

E sadomasoquismo, apesar de mais complexo conceitualmente, pode ser encarado inicialmente como uma parceria entre o sádico e o masoquista que funciona assim: um atua no polo ativo (causar dor ou sofrimento) e outro passivo (aceita e sente prazer em ser submetido a isso).

Gostar de sentir dor? E na hora da metelança? Sim. Eis a explicação científica pra isso: quando o corpo humano é exposto a dores extremas, ele libera endorfinas, algo que pode causar uma verdadeira explosão de prazer em alguns submissos. Uish!

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… ALGUMAS PRÁTICAS SÃO BEM CURIOSAS, MAS A GENTE NÃO TÁ AQUI PRA JULGAR:

Urethral Play

Geralmente está associado à penetração com sondas uretrais, algo que pode causar uma dor intensa, mas também pode proporcionar muito prazer.

Chuva dourada

É o ato de urinar em cima de um submisso. Pode proporcionar prazer tanto para quem mija quanto para quem é mijado.

Face-sitting

É quando o dominador ou dominadora senta no rosto do submisso para obrigá-lo a estimular o genital ou ânus oralmente.

Medical Play

É a simulação de uma situação médica onde o submisso assume o papel do paciente e fica vulnerável aos exames intrusivos do dominador. Geralmente são usados muitos equipamentos, como sondas ou estimuladores elétricos.

Pet Play

É quando o submisso se comporta como um bicho de estimação do dominador. Geralmente o animal é um gato ou um cachorro e as brincadeiras incluem o uso de utensílios como pratinhos, coleiras ou brinquedos.

Supremacia feminina

É uma subcultura onde os praticantes acreditam que as mulheres são líderes naturais dos homens.

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BDSM DEVE SER FEITO COM RESPONSABILIDADE

Outra sigla comum no BDSM é a tríade SSC: são, seguro e consensual. Ou seja, só são aceitáveis práticas sãs, que não apresentam danos permanentes à integridade física dos participantes e com o consentimento dos envolvidos – quem viu o filme vai lembrar do contratinho que o Grey pede pra Anastasia assinar. Isso significa que é permitido dar palmadas em uma pessoa, desde que ela esteja 100% de acordo, mas não é aceitável asfixiá-la, já que isso pode causar a morte. E tem mais: embora alguns optem por atividades super perigosas em suas vidas sexuais, certas medidas de segurança são aceitas na comunidade BDSM. É o caso da safeword: uma palavra de segurança sem relação com o sexo e que serve para comunicar ao/a parceirx que elx precisa parar o que está fazendo. Uma safeword poderia ser “pizza”, por exemplo.

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SINTA-SE LIVRE PARA VIVER SUAS FANTASIAS E LOUCURINHAS, MEU BEM!

Mais do que entender o que é o BDSM, é NECESSÁRIO colocar na cabeça que isso não é coisa de gente louca e taradona, que pensa em sexo 24/7 e sai pelas ruas com roupas de látex e chicoteando geral. A maioria dos praticantes são pessoas como eu e você, que estudam, trabalham, têm contas pra pagar, etc. O BDSM é democrático: médicxs, engenheirxs, professorxs e empresárixs bem sucedidxs são adeptxs da prática e não tem nada de errado com isso.

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Pensando racionalmente, nós usamos pelo menos alguns elementos BDSM durante o sexo e sequer percebemos. Já levou ou pediu um tapa na bunda ou puxões de cabelo? Eu também. Chamar de “putinha” ou “cachorro”, vendar e amarrar os punhos e pernas na cama, morder, beliscar, arranhar e morder costas e mamilos são só alguns exemplos de práticas BDSM que são feitas todos os dias, mas com menos intensidade.

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Na real, as pessoas são muito mais do que apenas masoquistas, dominadoras ou submissas. Quem decide o que, como, quando, com quem e com qual intensidade o BDSM deve estar presente o seu dia a dia e/ou no seu quarto é você mesmo. A prática oferece infinitas alternativas para quem quer descobrir um novo universo de prazer sem mudar radicalmente sua vida sexual. E aí, vai tentar?

Fontes: Lugar de Mulher / Portal BDSM / Domenique Luxor

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