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“Plantão de notícias informa Eduardo Cunha autoriza abrir processo de impeachment de Dilma”. O plantão de noticias e sua musiquinha por si só já causam um arrepio na espinha. O “tam-tam-tam tam-tam- tã” é o ecoar de uma desgraça garantida. A notícia machuca os ouvidos quase sempre, e a de ontem anunciava que o presidente da câmara – o acusado – resolveu acusar a presidente. Ora, como não perder as esperanças quando o sujo quer falar do mal lavado? O sentimento de qualquer ser pensante é de que todo esse falatório vai acabar em pizza. Pudera, enfrentamos algo similar a uma peste negra no nosso status quo – desesperança é o mal que sofremos. E desesperança é um sentimento muito perigoso, pois vem acompanhado da raiva, do medo, da frustração, da inveja e do ódio. É o lado negro da força.

2015 foi um ano desafiador pra qualquer Jedi. Teve dólar no topo do Everest, teve óleo da Petrobrás sujando a mão de muita gente, teve crise econômica e nossos bolsos cada vez mais furados. Teve câmara “especial” de deputados dizendo que família é exclusivamente (do ato de excluir) o que eles pensam. Charlie Hebdo seguido de ataques terroristas em Sanaa, Quênia, Kuait, Tunísia e Paris. Teve a Síria destroçada o ano todo. Teve terremoto que colocou o Nepal no chão. Fuzilamento de jovens negros nos Estados Unidos e por todo Brasil. Tiveram os refugiados e o pequeno Aylan Kurdi. Escolas sendo fechadas. Aí veio Mariana e o maior desastre ecológico já vivenciado em solo brasileiro – e a responsabilidade de muita gente suja de lama. Isso só considerando os “treding topics” desta micro-retrospectiva. Fora os desafios e perdas pessoais que cada um enfrentou. Desesperança é um efeito lógico deste mundo conturbado. O que não faltaram foram emoções negativas. Darth Vader deu pulinhos de euforia o ano todo.

É revoltante acreditar que não temos mais pelo o que lutar – e essa ira é incineradora. A grande preocupação com a força negra que nos absorve é que ela se retroalimenta. O nosso lado bom começa a ser corrompido, e passamos a não tolerar diferenças, buzinar no trânsito, espalhar a discórdia nas redes, que hoje estão tudo, menos sociais. Todo tipo de descriminação ganha força, a homofobia,a gordofobia, o machismo, o achismo – o “eu acho” se confunde com discurso de ódio. Atos de bondade são vistos como hipócritas ou julgados não merecedores de crédito. E de fato, perdemos tanto tempo discutindo que “não sobra tempo” para agir positivamente. “Como posso ter tempo de fazer uma doação para Mariana, se tenho  amigos na minha timeline que devo contestar sobre o avatar nas cores da França?”. “Crianças marginais ‘invadindo’ escolas – mas que falta de educação.” (!!!) Ou seja, vamos absorvendo tanta negatividade que nosso lado idealista e altruísta vai definhando, e quando nos olhamos no espelho, já não nos reconhecemos mais. Olheiras, palidez, ombros pesados, ar sombrio. Quanto mais fundo o indivíduo avança no lado negro, mas o lado negro afeta sua aparência. Perdemos o domínio de nós mesmos, e também da nossa própria saúde. Faz muito mal ser ruim – olha a lata de Darth Sidious!

Dezembro chegou e com ele o fim do ano, trazendo todo aquele clima de renovação. E investir na mudança desta bad vibe não é só importante, como necessário. “The dark side clouds everything. Impossible to see the future is. / O lado negro nubla tudo. Impossível de ver o futuro é ” disse o Grão Mestre da Ordem Jedi , Yoda. Não existe forma de planejar um futuro melhor, se deixarmos o lado negro da força cegar os nossos olhos. Nestas horas vale a pena lembrar que para cada cidadão que maltrata os animais, um entra em um bueiro para salvá-los. Para cada empresário ganancioso da Samarco, existem grupos de pessoas fazendo doações. Para cada Cunha que manda dinheiro para Suíça, existe uma vovózinha que costura e manda vestidos para meninas na África. Para cada Dilma que “não sabia de nada”, tem uma garota que sonha em saber de tudo para se tornar presidente. Para cada terrorista espalhando o terror, haverá um Antoine Leiris negando-se a entrar para o lado negro da força – “vocês não terão meu ódio”. Acima de tudo, que para cada pessoa absorvendo e espalhando negatividade, possa haver você e eu escolhendo promover dias e atitudes melhores. Moderação, tolerância e esperança. E que essa atitude não seja confundida com ingenuidade ou passividade, mas seja reconhecida como a ativação do lado iluminado da força.

Que possamos pegar nossos sabres de luz e encarar o ano que inicia com coragem e positividade. Que 2016 seja marcado pelo despertar da força iluminada. E como diria o sábio orelhudo verde, may the force be with you.

Que a força esteja com você.

– antonianodiva.com.br

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