mudenude

19:20. A reunião já se estendia por 2 horas sem nenhum sinal de encerramento. *pipipi* – O whatsapp pipoca tirando a minha atenção dos números do projetor por alguns segundos. Não resisto à curiosidade e a distração bem-vinda. O contato era o gato do Fernando, e a mensagem era uma foto. Talvez uma sugestão de um programinha mais tarde, ou ainda uma prova de que o pensamento mirou em mim. Abro o arquivo e solto um grito. Dois colegas esticam o olho para a tela do meu celular. Nela, não era um pensamento que mirava em mim, mas um longo, ereto e desnudo pênis. Tento tapar o nude com as mãos afobadas e no processo derrubo o celular no chão. O meu gerente o alcança, e antes de devolvê-lo, repara o motivo de tanta comoção. “Acho que podemos encerrar por hoje”, ele conclui me entregando o aparelho. Eu nunca vi um pênis acabar tão rápido com uma reunião.

Gente, ok, eu entendo que os tempos mudaram. Anos atrás nude era apenas uma cor que insistiam em dizer que era a última sensação da moda. Agora, o nude ganhou muito mais vida, variações e tamanhos, e realmente é a sensação da moda. Ótimo. Adoro. Eu mando! Me Mandem. Agora vamos criar umas regrinhas de convívio saudável com esse troço que muita gente não consegue tirar das mãos? O celular, suas mentes pervertidas! Fiquei tão chocada (e envergonhada por pelo menos duas gerações) com o episódio do nude que encerrou com a reunião, que fui me informar sobre a política envolvida no envio, recebimento e repasse de fotos picantes. Contatei minha vasta rede de contatos e confesso que tive dificuldade em encontrar mulheres que enviam nudes ou pelo menos que estavam dispostas a admitir que o façam. Na parcela masculina, não tive problema algum – ou seja, todos eles enviam e recebem (ainda que elas “não enviem”). Não foi surpresa também saber que as regras variam de pessoa pra pessoa. Sendo assim, decidi me arriscar a sugerir um código de conduta do nude, essa cor do momento, com a campanha “Mude o Nude”.

1) Confiança e respeito – premissas básicas do nude

Se você recebeu um nude, isso prova que alguém achou você responsável o suficiente para lidar com material sigiloso. Respeite essa confiança, e mais do que isso, a integridade da outra parte (parte-pessoa, não parte-membro). A maioria dos meus entrevistados (as) – com margem de erro de 2 nudes para cima ou para baixo – usa aplicativos instantâneos como o “Snapchat” ou evita qualquer close que permita o reconhecimento do rosto, obviamente temendo um vazamento de informações. Nudes podem ser extremamente saudáveis, criativos e excitantes, tanto para futuros affaires, quanto para casais que querem esquentar as coisas. Não permita que sua necessidade de compartilhar tudo o tempo inteiro com seus amigos e amigas (alou grupos de whatsapp!), estrague essa prática. Parem! A maioria das mulheres afirma não enviar nudes com medo da exposição e mau uso do conteúdo. Já existe o #instafood, vão criar o #instanude? #Instafode? Não. Isso, obviamente, sem contar as questões judiciais e casos extremos de bullying com vazamento de material pessoal impróprio nas redes.  Tá errado! “Ahhh, mas se manda nude, merece ser difamada – Não, não merece! E em caso de dúvidas, favor verificar a legislação brasileira sobre difamação e danos morais, ou ainda os casos de bullying (sempre femininos) que terminaram dramaticamente por conta compartilhamentos. O assunto é bom, mas não deixa de ser sério. Toma tento.

2) Horário de envio

Pessoal, acho ótimo quem acorda empolgado, mas vamos combinar que nem todo mundo gosta de salsicha no seu café da manhã. Então vamos respeitar o cronograma de tarefas que não envolvem o ato de sensualizar, e vestir as calcas até um horário mais apropriado. Meninas, isso vale pra vocês também. Preferencialmente evite o horário comercial – viu Fernando?! Tô falando com você, não adianta olhar para o lado! – e introduzir o conteúdo mais picante dentro de uma conversa mais íntima e adequada a um contexto.

3) Armazenamento

Proteja-se contra vazamentos acidentais. Receba, aproveite, agradeça e depois apague. Celulares são constantemente roubados, perdidos, trocados. Evite dores de cabeça: apague os nudes – seus e dos outros. Na melhor das hipóteses você só vai ser surpreendida(o) por uma foto de um peladão ou peladona enquanto mostrava a sua avó as imagens das suas ultimas férias. Mas e na pior? Sincronização de smartphones com a televisão no aquece com a galera? Faça a limpeza agora mesmo!

4) Sutileza

Use e abuse da sutileza. Meia luz, ângulos sutis, curvas suaves. Nude não é exame ginecológico e nem uma visita ao urologista. O corpo humano é maravilhoso em suas inúmeras facetas – deixe algo a desejar. Braços, tórax, coxas, barriga, oblíquo, você tem um arsenal de gostosura – meu tornozelo, por exemplo, é um tesão! Deixemos os grandes lábios e glandes para a hora “H”, combinado? Sejamos criativos. Sexy sem ser vulgar. Menos às vezes é mais, principalmente na arte da provocação.

5) Intimidade

O grande dilema do nude é o momento em que você acredita que já possui intimidade para a prática. O timing aqui é tudo. E de novo, o contexto. Não distribua seus melhores ângulos sem antes ter certeza que o interesse é mutuo. Nude não é “bom dia” pra sair distribuindo, não é obrigatório pra ser cobrado, e nem garantia de que vai rolar sexo. É uma forma de expressão, que sim, pode ser extremamente mal interpretada – conheça os riscos. Então antes de trocar imagens, que se troque muita ideia pra ninguém se arrepender.

Acima de tudo respeito. Sob qualquer circunstância. Respeito com os outros, e consigo mesmo. Não mande nada que não queira, mas se receber, receba de bom grado e não repasse. Mude o nude pra melhor. Assim, todo mundo se diverte (né, mulherada?) e aprende a curtir o próprio corpo. Deste jeito o nude nunca sai de moda.

Nota: Meu sincero agradecimento a todos os entrevistados que contribuíram para este post com suas opiniões sinceras através de e-mail, whatsapp  e… *pipipi* … e … *pipipi* … Fernando, pelo amor de Deus! São 12h22!  Pára de me mandar nude – car@$%#!

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