Antônia, a minha mãe me chamou, que significa de valor inestimável. Inestimável, claro, como toda mãe considera sua própria prole. Bonito né? Mas a verdade é que sou qualquer garota. Eu sou aquela que já beijou mais do que deveria, e nem a metade do que gostaria. Descobri isso no último casamento que fui convidada, cujo altar era ocupado por quatro (eu disse quatro) dos meus ex (nenhum era o noivo, obrigada. De nada!). Então veja, eu sou mesmo qualquer garota.
Viciada em séries, mais do que livros. Atormentada pelos risquinhos azuis do Whatsapp. Sou aquela que briga com a balança desde os 20, e que se descobriu gostosa mesmo perto dos 30 (na maioria dos dias/noites). A que sai com as amigas quando está com dor de cotovelo, e no dia seguinte esbraveja porque ninguém inventou o smarthphone com bafômetro. Que gasta mais do que devia, vive em crise com o cartão de crédito e em um caso de amor com o cheque especial. Aquela cujas prioridades são praia, música e diversão. A intolerante as borboletas na barriga. Mais complicada do que perfeitinha. Já disse – qualquer garota.
Criada e forjada nas britas do Parque Planeta, desde a época que fazia greve de fome pra convencer um sim do meu pai para o evento em todo santo verão. Tive a adolescência nanada pelo Mr. Pi e suas metáforas no Papo de Pijama – talvez ele tenha sido o primeiro filósofo a inspirar teorias próprias e escrever minhas histórias. Já tive uma queda monstra pelo Potter, que nunca virou romance (real, mas inventado sim). Hoje acho que investiria no Piangers, pois adoraria que ele fosse o pai dos filhos que nem tenho. Assim, desejos de qualquer garota.
Justamente por amar inventar histórias, eu viajei. Morei em Londres, e também dentro de uma mochila, quando peguei um trem e tirei um tempo pra conhecer o mundo. Conheci o mundo bem menos do que conheci a mim mesma no caminho. Guardo com carinho as histórias da estrada como carimbos na alma, mais do que no passaporte. Uma viajante apaixonada, como tantas outras garotas.
No caminho encontrei amores e desamores. Apaixonei-me mais do que devia. Somente então para aprender a me amar. Foram tantos suspiros que alguns às vezes não cabiam no peito (como toda garota) e provavelmente virão parar aqui. Gostaria também de poder dizer que sou blogueira, que é tão up-to-date e charmosinho, mas não. A única certeza que eu gozo, é que eu sou uma contadora de histórias. E que não é a toa que minhas crônicas e eu viemos parar aqui no ATL Girls, como toda quinta-feira a partir desta.
Hoje eu sou Antônia, mas eu podia ser Joana, Amanda, Clarice, Maria, Juliana, Ana Carolina. Eu podia ser você. Uma garota qualquer. Mas definitivamente não qualquer garota.
Antônia Macchi /antonianodiva.com.br
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